“A vida não é útil” é uma crítica contundente à sociedade moderna e suas prioridades equivocadas. Ailton Krenak é um líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor brasileiro da etnia indígena crenaque, considerado uma das maiores lideranças do movimento indígena brasileiro.
O título não diz que a vida não tenha utilidade, mas rejeita a ideia de que ela deva ter um fim meramente utilitário.
No livro expõe de forma clara e eloquente as falhas do sistema capitalista, que valoriza apenas a produção e o consumo em detrimento da natureza e das pessoas. Lembrando que viver vai muito além de produzir.
O autor convida o leitor a refletir sobre as escolhas que fazemos em relação à vida e ao mundo que habitamos, e questiona a lógica que sustenta o modelo econômico atual.
No decorrer do livro utiliza o termo “homem branco”, não como adjetivo que identifica as pessoas pela sua cor de pele, mas como representantes das ideias capitalistas de produção a tudo custo e em contraposição aos indígenas, mas focados na natureza e com um estilo de vida não predatório com seu redor.
Uma possível crítica ao livro seria a falta de soluções práticas para os problemas apontados pelo autor. Embora Krenak proponha uma mudança de perspectiva e de valores, ele não oferece um plano concreto para alcançar essa transformação.
Como isso aqui é um blog, só texto não é suficiente, pode escutar a voz e o pensamento do Krenak, neste vídeo.
Apesar disso, “A vida não é útil” é uma leitura provocadora e interessante para quem busca compreender os desafios que enfrentamos como sociedade e refletir sobre as mudanças que precisamos fazer para ter futuro no mundo.
A utilidade do inútil: um manifesto, de Nuccio Ordine
Este livro me lembrou de forma tangencial ao livro de Nuccio Ordine “A utilidade do inútil: um manifesto”, que foca na perspectiva da educação e da cultura, e não da natureza como Krenak.
Numa visão do mundo e das artes eurocêntrica o autor argumenta que o conhecimento humano tem valor em si mesmo, independentemente de sua utilidade prática. É um canto a cultura, as artes a educação e a boa vida.
Ordine critica a lógica utilitarista que domina a sociedade moderna, que valoriza apenas o que é rentável e útil em termos econômicos. Defendendo que a educação e a cultura devem ser valorizadas como um fim em si mesmo, e não apenas como meio para um fim prático, propondo uma reflexão sobre o papel da arte, da filosofia e da literatura na formação de uma sociedade mais humana e mais justa.
Duas recomendações de leitura que juntei porque as duas tem a palavra “útil” ou porque alguma coisa na minha cabeça me fez lembrar uma de outra. 🙂
Se tiver interesse em ler, pode pedir pra mim, procurar na biblioteca ou comprar na livraria do bairro, nessa onde você é feliz olhando os livrinhos.
PS. Estos textos sobre livros estão vivos, serão atualizados quando a vida, os livros e seus comentários adicionem algo relevante.