Klara e o sol, escrito pelo prêmio Nobel Kazuo Ishiguro, é um livro cativante que mergulha em temas como inteligência artificial, empatia e conexões humanas. A história se desenrola em um futuro próximo, onde Klara, uma “Amiga Artificial” de última geração, é a protagonista.
A narrativa nos leva a acompanhar Klara, uma robô IA observadora e perspicaz, que foi projetada para ser uma companheira de crianças solitárias. Ela é vendida em uma loja especializada, onde finalmente é escolhida por Josie, uma jovem com problemas de saúde. A partir desse momento, somos levados a explorar o mundo complexo e intrigante da perspectiva de Klara.
Ela observa o sol, fonte de vida e energia, e cria teorias sobre seu poder curativo, assim como os primeiros humanos criaram suas superstições para tentar explicar alguns fenômenos que observavam ao seu redor, e procurando assim, talvez, dotar à IA de um aspecto mais real. No final das contas, acreditar em fenômenos sobrenaturais não é uma característica humana?
Através dos olhos de Klara, o leitor é levado a refletir sobre a natureza da humanidade, a importância do amor e a maneira como a tecnologia pode influenciar nossas vidas.
O livro aborda questões profundas sobre ética e moralidade na inteligência artificial, levantando questionamentos sobre até que ponto uma máquina pode desenvolver empatia e se tornar verdadeiramente consciente. Ishiguro nos faz refletir sobre as consequências emocionais e sociais de uma sociedade cada vez mais dependente da tecnologia.
A escrita de Ishiguro, tranquila e fluida mergulha nas emoções e pensamentos de Klara com sensibilidade e sutileza, e em alguns momentos me fez sentir a monotonia e ser uma máquina.
No decorrer do romance, onde não aparecem detalhadas descrições dos cenários nem da época, comecei a duvidar se na verdade só ela era uma IA, se os sentimentos dos outros tinham sido programados ou eram humanos, e esse é um dos aspectos interessantes do livro.
Trata também do futuro do trabalho, que as IA tiraram das pessoas, como nesta parte:
Chrissie, vou te dizer, você está muito mais amargurada com isso do que eu. As substituições me fizeram ver o mundo de um jeito completamente novo, e acredito que realmente me ajudaram a distinguir o que é importante do que não é. E onde estou vivendo agora tem muitas pessoas ótimas que pensam da mesmíssima forma. Todas trilharam o mesmo caminho, algumas com carreiras bem mais importantes que a minha. E todos temos a mesma opinião, e acredito sinceramente que não estamos nos iludindo. Nossa situação é bem melhor hoje em dia.
“Klara e o Sol” é uma obra que nos leva a refletir sobre os avanços tecnológicos e o impacto que eles têm em nossas vidas. É uma história tocante e memorável, que nos lembra da importância do amor, da empatia e da busca pela conexão humana em um mundo cada vez mais digitalizado.
E você, qual acha que é o futuro da humanidade e das relações humanas?
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