A Polícia da Memória é um romance da autora japonesa Yoko Ogawa publicado em 1994, que me parece muito ligado com o que agente estuda na área de Ciência da Informação.
Numa imersão literária, somos conduzidos a um mundo distópico de memórias perdidas, onde a narrativa melancólica e os suspense se entrelaçam a uma ilha com uma enigmática Polícia da Memória, que caça e elimina vestígios de recordações. Nesse cenário, objetos, gostos e até animais desaparecem, desafiando a própria essência das lembranças dos seres humanos.
Uma jovem escritora é protagonista em primeira pessoa, e narra uma sociedade marcada pelos inusitados desaparecimentos cotidianos. Sob a vigilância da Polícia da Memória, por algum motivo existe um seleto grupo que permanece imune ao esquecimento, incluindo o editor da protagonista, que ela ajuda a esconder.
Essas tramas exploram as complexidades da censura, da preservação, da memória e do esquecimento.
Com uma escrita sutil e sensível a história nos leva a sentir como sua protagonista faz enormes esforços por se lembrar do que sumiu, nos convidando a questionar o que realmente vale a pena preservar e o que não gostaríamos de esquecer nunca, deixando enigmas abertos para que o leitor preencha como quiser.
Um belo livro para desfrutar de uma leitura convidativa, que talvez nos leve a relembrar alguns aromas, histórias ou pessoas que passaram pela nossa vida e não queremos esquecer. Ou sim. 😉
Referência bibliográfica:
OGAWA, Yoko. A Polícia da Memória. Tradução: Andrei Cunha. 2ª ed. São Paulo: Estação Liberdade, 2021.